A polícia ucraniana informou que um passageiro detonou um artefato explosivo na manhã de 24 de outubro, durante verificação de documentos na plataforma da estação ferroviária de Ovruch, na região de Zhytomyr, ao norte do país. O detonado morreu no local. Três pessoas também morreram e ao menos 12 ficaram feridas, segundo os primeiros comunicados das autoridades. Ovruch fica em área de controle fronteiriço, o que explica a presença de equipes de guarda de fronteira no procedimento de checagem.
De acordo com o Serviço de Guarda de Fronteira, o estouro ocorreu ao lado de um trem parado, quando agentes faziam a conferência de passageiros em zona controlada. Publicações locais reforçaram que o explosivo foi acionado pelo próprio passageiro abordado, em meio ao fluxo de embarque. As circunstâncias exatas, a identidade do autor e a motivação ainda estão sob apuração pelas forças de segurança.
Não confunda os fatos
Relatos preliminares indicaram predominância de vítimas civis entre os feridos. Uma das versões oficiais mencionou que mulheres estariam entre os mortos, além de um integrante da guarda de fronteira. As equipes de resgate e peritos trabalharam na plataforma após o isolamento da área, enquanto hospitais regionais receberam os feridos.
No mesmo dia, circulou nas redes a associação do episódio a um ataque aéreo russo. É importante diferenciar os fatos: duas semanas antes, em 4 de outubro, a cidade de Shostka, na região de Sumy, sofreu ataque com drones contra trens de passageiros, com ao menos um morto e cerca de 30 feridos, caso confirmado por autoridades nacionais e amplamente reportado pela imprensa internacional. O pronunciamento do presidente Volodymyr Zelensky que descreve um “ataque brutal de drones” refere-se àquele evento anterior em Shostka, não à explosão por granada agora investigada em Ovruch.
O episódio de Ovruch ocorre em um corredor sensível do norte ucraniano, próximo à fronteira com Belarus, onde há histórico de operações de contra-sabotagem e checagens reforçadas. A presença de controle de documentos em plataformas e em áreas alfandegárias internas tornou-se prática comum desde o início da guerra, especialmente em linhas que se conectam a zonas de maior risco.
Desde o verão, a infraestrutura ferroviária ucraniana vem sendo alvo frequente de ataques, por sua relevância logística tanto para deslocamento civil quanto para o transporte de cargas e assistência. No ataque com drones de 4 de outubro, em Shostka, autoridades ferroviárias afirmaram que os equipamentos buscavam atingir locomotivas, com danos também a vagões e à plataforma.
O que diz a Ucrânia
Para o governo em Kyiv, o padrão observado em Shostka foi o chamado “double tap”, quando um novo impacto ocorre durante o socorro. Naquele caso, a administração regional de Sumy relatou hospitalizações e o serviço ferroviário nacional divulgou imagens de vagões queimados. A Rússia nega mirar civis.
No cenário atual, investigações paralelas avançam: em Ovruch, a linha de apuração é criminal, com foco no indivíduo que detonou a granada; em Shostka, o processo integra o dossiê de ataques a infraestrutura e civis. Separar os dois episódios evita leituras apressadas e ajuda a calibrar a resposta das autoridades locais e dos parceiros internacionais.
Enquanto não há conclusão oficial sobre autoria e motivação em Ovruch, o transporte ferroviário mantém medidas adicionais de segurança em regiões fronteiriças. A comunicação pública também passou a ressaltar a checagem de versões e a identificação correta de datas e locais, dado o fluxo intenso de informações durante o conflito.



