A passagem do tufão Bualoi pelo Vietnã deixou pelo menos 19 mortos e 13 desaparecidos, em mais uma tragédia climática que atinge o sudeste asiático. As autoridades confirmaram que diversas vítimas foram arrastadas por inundações repentinas ou soterradas por deslizamentos. Entre os desaparecidos estão pescadores que estavam em alto-mar e moradores de áreas ribeirinhas. O fenômeno também causou destruição considerável em infraestrutura urbana e rural.
Com ventos intensos e volumes de chuva acima de 300 milímetros em apenas 24 horas, diversas províncias do norte e centro do país foram alagadas. Cidades inteiras tiveram ruas submersas, pontes destruídas e rodovias interrompidas. Em Yen Bai, o transbordamento do rio Thao obrigou famílias a abandonarem suas casas. O governo declarou estado de emergência em pelo menos cinco regiões afetadas, com prioridade para resgates e abrigamento.
Antes de chegar ao Vietnã, Bualoi já havia deixado 20 mortos nas Filipinas, onde o sistema provocou enchentes, deslizamentos e apagões. Ao cruzar o mar do Sul da China, o tufão ganhou força e chegou ao território vietnamita como um dos eventos mais severos da temporada. Nas áreas costeiras, o impacto foi direto: marés de tempestade invadiram comunidades pesqueiras e danificaram embarcações e cais.
Quatro aeroportos precisaram suspender operações, afetando centenas de voos comerciais e interrompendo o transporte de ajuda humanitária. Escolas foram fechadas e trabalhadores dispensados, enquanto o governo tentava acelerar o reforço em diques e represas. Mesmo com a diminuição dos ventos, a persistência das chuvas impede a retomada da normalidade. Parte da população segue em abrigos improvisados.
O governo mobilizou equipes militares com barcos e veículos anfíbios para acessar regiões isoladas. A logística do resgate, porém, tem enfrentado dificuldades, sobretudo nas zonas montanhosas. A comunicação em muitas dessas localidades foi interrompida por quedas de energia e danos à rede móvel. A prioridade agora é localizar os desaparecidos e reativar os serviços básicos.
A tragédia também gerou prejuízos econômicos imediatos. Plantações de arroz, milho e café foram devastadas pelas cheias, comprometendo a colheita de dezenas de milhares de hectares. A pesca artesanal foi suspensa, e o turismo em áreas costeiras sofreu com cancelamentos e destruição de infraestrutura. Especialistas avaliam que o impacto será sentido nas próximas semanas em indicadores locais.
Meteorologistas e climatologistas ressaltam que eventos como o Bualoi se tornam mais frequentes e intensos com o aquecimento das águas do Pacífico. A variabilidade climática, reforçada por padrões oceânicos alterados, tem produzido fenômenos mais agressivos, que testam os limites da resiliência urbana e rural. O Vietnã, com longa costa e zonas montanhosas, está entre os países mais vulneráveis.
A resposta pós-desastre deverá incluir um novo ciclo de obras de contenção, reavaliação de códigos de construção e expansão de sistemas de alerta precoce. A ausência de mapeamentos de risco em várias áreas contribuiu para o alto número de vítimas. Autoridades afirmam que é urgente fortalecer a prevenção, pois os danos poderiam ter sido ainda maiores.
Ainda que o tufão tenha perdido força ao seguir para o Laos, os impactos no Vietnã permanecem como um alerta. O episódio mostra como os países da região precisam investir em preparação contínua e adaptativa frente ao agravamento das crises climáticas. A reconstrução será longa, mas pode ser um ponto de partida para políticas de maior resiliência social e ambiental.