A capital suíça registrou no sábado uma marcha pró Palestina que evoluiu para confronto com a polícia no centro de Berna. A mobilização ocorreu sem autorização e reuniu milhares de pessoas em torno do Parlamento e da estação principal. Em seguida, houve bloqueios temporários, desvio de bondes e reforço de efetivo em cruzamentos críticos. O fluxo de pedestres precisou ser reorganizado em corredores comerciais para reduzir risco a terceiros e liberar o acesso a serviços essenciais.
Segundo a polícia cantonal, 18 agentes ficaram feridos durante a operação, quatro deles encaminhados para avaliação hospitalar e liberados após exames. Relatos locais mencionaram ainda dois manifestantes feridos, o que eleva o total de atendidos no evento. O quadro de lesões reúne escoriações, traumas de impacto e irritação ocular. Embora as estimativas variem entre boletins e reportagens, a convergência é de gravidade acima do padrão recente para atos na capital.
Uso da força bruta
As forças de segurança empregaram jatos de água, gás lacrimogêneo e munições de impacto controlado para dispersar grupos e reabrir vias. Em resposta, manifestantes lançaram fogos de artifício, garrafas e pedras, além de erguer barricadas pontuais em ruas adjacentes. Observadores independentes relataram episódios de incêndio em contêineres e tentativas de bloqueio de acessos próximos ao Parlamento e à estação central. Equipes médicas voluntárias prestaram atendimento de primeira resposta.
No plano policial, 536 pessoas foram conduzidas para identificação e posteriormente liberadas com ordem de dispersão. Uma delas tinha mandado de prisão em aberto, o que resultou em custódia. As autoridades indicaram que os controlados vieram de vários cantões, não apenas de Berna. Entre os possíveis enquadramentos penais, aparecem dano ao patrimônio, desordem pública e violência ou ameaça contra agentes, com investigações em andamento.
O balanço material é elevado. A polícia indicou danos em 57 edifícios e nove viaturas, com prejuízo estimado na casa dos milhões de francos suíços. Vitrines foram quebradas, mobiliário urbano ficou inutilizado e pontos de ônibus tiveram estrutura comprometida. Comerciantes relataram perda de estoque e cancelamento de turnos noturnos, o que pressiona caixa e seguro. A perícia técnica fará a consolidação de imagens para individualizar autores.
O transporte urbano operou com planos de contingência. Linhas de bonde foram desviadas e ônibus tiveram circulação limitada em trechos do centro histórico. Apesar do retorno gradual ainda na madrugada, o serviço amanheceu com remanejamento de frota para cobrir rotas danificadas. Enquanto isso, equipes de limpeza trabalharam na retirada de detritos e na proteção emergencial de fachadas mais expostas a risco de infiltração.
O que dizem os especialistas?
A repercussão política foi imediata. A prefeitura anunciou investigação administrativa sobre protocolos táticos e comunicação de risco. Entidades civis pediram proporcionalidade no uso da força e transparência no tratamento de imagens coletadas. Ao mesmo tempo, representantes de policiais defenderam punição para episódios de depredação. O debate gira em torno de autorizações, itinerários e horários, com foco na proteção de terceiros e na previsibilidade para comércio e moradores.
O contexto ajuda a explicar a resposta. A Europa vive uma sequência de atos volumosos, e Berna tem histórico de manifestações não autorizadas que exigem logística distinta. A proximidade entre Parlamento, eixos comerciais e estação central cria pontos de estrangulamento, portanto a cidade tende a preferir rotas controladas e janelas mais curtas. Ainda assim, a multiplicidade de organizadores dificulta engajamento prévio sobre regras de circulação.
A etapa seguinte combina três trilhas. Primeiro, a consolidação pericial para quantificar danos e associar evidências a indivíduos. Segundo, o exame administrativo de táticas de contenção e decoordenação interagências. Terceiro, a revisão dos protocolos de grandes atos no centro, com possíveis ajustes de rotas e barreiras temporárias. Por fim, a meta é reduzir o risco de repetição, preservar o direito de reunião e restabelecer a rotina econômica e de mobilidade.