Pequim incluiu inteligência artificial como componente curricular obrigatório em todas as escolas de ensino fundamental e ensino médio a partir do semestre letivo de outono de 2025. A carga horária mínima é de no mínimo oito horas anuais por aluno, com possibilidade de oferta como disciplina eletiva estruturada ou de integração transversal em Matemática, Ciências e Tecnologia da Informação. A diretriz parte de um plano de trabalho da autoridade municipal e enquadra o tema no projeto pedagógico das unidades, com metas de acompanhamento.
A rede adotará um desenho gradual por etapa de escolaridade. Anos iniciais do fundamental trabalham letramento em IA e pensamento lógico, com atividades práticas e linguagem acessível. Nos anos finais, o foco passa para situações de aprendizagem em tarefas do cotidiano escolar. No médio, a ênfase é resolução de problemas com dados, modelagem básica e projetos orientados, incluindo noções de ética e responsabilidade no uso de ferramentas.
Como será feito?
A orientação pedagógica prevê sequências didáticas com objetivos de aprendizagem claros e instrumentos de avaliação compatíveis, como portfólios, rubricas e registro no histórico escolar. As escolas podem trabalhar módulos específicos de IA ou conteúdos integrados nas áreas já ofertadas, desde estatística e probabilidade até introdução à programação. Nesse sentido, o piso de oito horas funciona como referência comum para toda a rede, com liberdade para ampliar carga conforme recursos didáticos e tempo de aula.
Para dar escala, o município estruturou formação continuada de professores e repositórios de materiais com planos de aula, roteiros de atividades e objetos digitais. A priorização logística inclui laboratórios de informática, kits de robótica educacional e conectividade. A implementação exige diagnóstico de infraestrutura por distrito, para reduzir assimetrias entre escolas e evitar que a inovação fique restrita a polos mais equipados.
O movimento local conversa com a estratégia nacional de incorporar IA ao sistema educacional, que vem sendo detalhada desde 2025 com metas de inovação, produção de materiais e capacitação docente. Nesse cenário, Pequim opera como vitrine e estabelece um padrão mínimo de exposição ao tema, com possibilidade de expansão nos currículos regionais. Relatos da imprensa destacam que outras cidades, como Hangzhou, avançaram em parâmetros próprios e até elevaram o piso anual.
O que isso muda?
No plano de sala de aula, a rede combina atividades mão na massa e situações-problema. O objetivo é construir competências digitais sem substituir conteúdos estruturantes de Língua, Matemática e Ciências. A avaliação deverá observar processo, projeto e aplicação responsável, com atenção a privacidade, viés algorítmico e integridade acadêmica. A ideia é que a IA deixe de ser oficina extracurricular e passe ao núcleo do currículo.
Autoridades também vêm delimitando uso de IA em avaliações de alto impacto para garantir isonomia. Durante grandes exames, plataformas restringiram funções suscetíveis à cola, sem interromper o letramento digital no calendário letivo. Na prática, a mensagem é separar ensino com IA de atalhos indevidos em provas, reforçando regras de convivência e conduta.
Do ponto de vista de gestão, a fase inicial concentra pressão por infraestrutura e alocação de horário. Direções escolares trabalham matriz curricular, quadro de horários e formação de turmas para incluir as novas atividades sem comprometer carga de disciplinas obrigatórias. A rede indica que monitoramento pedagógico e apoio técnico serão necessários ao longo do primeiro ano para ajustes finos.
Para famílias e estudantes, a mudança deve aparecer na forma de atividades práticas, projetos interdisciplinares e uso mais consciente de ferramentas digitais. A médio prazo, a expectativa é desenvolver pensamento crítico sobre tecnologias, ampliar repertório técnico e favorecer trajetórias formativas ligadas a dados, automação e programação. A aposta é que um piso comum de exposição a IA reduza lacunas entre escolas e dê previsibilidade à formação.