Alargamento da praia de Itapoá usará areia dragada do canal da Babitonga para conter erosão e ampliar a faixa de areia, com protocolos ambientais e ganhos ao turismo.
Itapoá, no litoral norte de Santa Catarina, será palco de um projeto inédito no Brasil: a ampliação da faixa de areia com material reaproveitado da dragagem do canal de acesso portuário na Baía da Babitonga. A iniciativa busca enfrentar a erosão costeira e, ao mesmo tempo, otimizar a navegação para navios de maior porte. A proposta integra interesses de cidade e porto, com promessa de impacto econômico imediato no turismo.
O plano prevê o depósito controlado de sedimentos ao longo da orla, resultando em uma praia mais larga e resistente a ressacas. Em trechos específicos, o ganho poderá chegar a até 100 metros, enquanto no traçado principal o acréscimo estimado é de cerca de 30 metros. A meta é recompor o balanço sedimentar e reduzir a vulnerabilidade de frentes comerciais e residenciais.
Mapa ilustra a dragagem do canal e o alargamento da praia. Crédito: Governo de SC.
A obra combina duas frentes: aprofundar o canal externo para melhorar a segurança da navegação e destinar parte do material dragado à “engorda” das praias. Com isso, evita-se o transporte de areia de outras áreas marítimas, encurtando a logística e diminuindo custos ambientais e financeiros. O excedente seguirá para áreas de descarte em alto-mar, sob parâmetros técnicos.
Em escala, o projeto coloca Itapoá entre as maiores intervenções do tipo já previstas no país. Estimativas apontam uso de cerca de 6,4 milhões de metros cúbicos de sedimentos para recompor a orla, volume significativamente superior ao aplicado em obras recentes no litoral catarinense. A intervenção deve contemplar um trecho longo, conectando bairros turísticos e residenciais.
No âmbito regulatório, a dragagem possui licenciamento ambiental federal, com exigências de monitoramento antes, durante e após a obra. São previstos controles de turbidez, qualidade da água e acompanhamento de fauna marinha, além de protocolos de temporada para minimizar impactos em períodos sensíveis. A transparência desses dados será vital para a confiança pública.
Do ponto de vista urbano, a ampliação da praia pode reduzir alagamentos recorrentes e proteger estruturas em linhas costeiras vulneráveis. A obra tende a valorizar imóveis, ampliar o uso recreativo e reforçar a identidade turística local. Ao mesmo tempo, pede planejamento para acessos, sombreamento, mobiliário urbano e manutenção da orla.
A dimensão portuária do projeto envolve ganhos logísticos ao elevar a profundidade do canal, permitindo a entrada de navios maiores com mais segurança. Essa eficiência pode aumentar a competitividade regional e gerar empregos diretos e indiretos. A coordenação entre terminais e prefeitura é decisiva para sincronizar cronograma e mitigações.
Comunidades pesqueiras e comércio local devem ser ouvidos na fase executiva para calibrar áreas de obra, períodos de interdição e rotas alternativas. A participação social ajuda a evitar gargalos e a incorporar saberes práticos do território, reduzindo conflitos. Experiências recentes em outras cidades provaram que diálogo prévio evita judicializações.
O êxito será medido por três entregas: praia mais larga e estável, navegação mais segura e impactos ambientais controlados e auditáveis. Com governança clara e fiscalização ativa, a intervenção pode transformar uma emergência costeira em oportunidade de resiliência urbana e fortalecimento econômico, com legado além da alta temporada.